Por que não acreditam no Capela?



Com menos de 10% dos jogos da temporada regular disputados, é fácil de tomar conclusões precipitadas. Uma das “verdades” que começaram a repetir é que o pivô Clint Capela pode brigar pelo prêmio de jogador que mais evoluiu (MIP).



As opiniões (e certezas) são mudadas a cada semana, e após a estreia contra o Golden State Warriors e aproveitando o embalo de que o Daryl Morey resolveu não oferecer uma extensão contratual, a novidade era que Capela não servia para o Rockets.

Nos jogos seguintes veio a evolução. Contra pivôs mais fortes, mais altos e mais habilidosos (Marc Gasol, Nerlens Noel, Joel Embiid e Dwight Howard), o suíço demonstrou seu potencial e foi um dos grandes destaques do Rockets nesse período, chegando inclusive a liderar o elenco em Win Shares, a frente de James Harden.

Para começo de temporada, Capela tem média de 13,5 pontos, 11,3 rebotes, 1 roubo de bola e 1,4 tocos por jogo, tudo isso com um aproveitamento de 72,3% em seus arremessos de quadra. Em todos estes quesitos, houve uma melhora em relação ao ano anterior.

Além disso, o suíço não vem atuando por mais minutos como era esperado dele. Seu tempo de quadra subiu pouco de 23,1 para 24,1 minutos por jogo. Por isso, é mais impressionante esse crescimento em seus números.

Lances-livres

A principal evolução notável do Capela foram os lances-livres, enquanto a média dos seus três primeiros anos era de 36% de aproveitamento (com 53,1% como melhor marca), nestes oito jogos ele chega a impressionante marca de 77,8%.

Desde o fim da última temporada, Capela vem repetidamente falando em melhorar o seu arremesso e encontrar uma mecânica que lhe de consistência. Aparentemente, ele achou um meio de ser eficiente sem mudar drasticamente os seus movimentos.

Rebotes

Para quem acompanha o Rockets de perto é evidente a mudança na filosofia de rebotes da equipe, principalmente defendendo. Para esse quesito, antes de falar do Capela é importante ressaltar a melhora de Ryan Anderson no boxout, o que facilita o trabalho do pivô. Além dele, PJ Tucker e Luc Mbah a Moute dão mais trabalho nos rebotes para os adversários.

Com isso, Capela vem conseguindo ultrapassar a barreira dos 10 rebotes por jogo pela primeira vez na carreira. Passou de 8,1 para 11,3, um crescimento de 3,2 por partida. Números que podem fazer a diferença em jogos apertados.

Essa melhora pode ser comprovada ao analisar também os percentuais de rebotes mais conhecidos (ORB% e DRB%). Os números são do Basketball Reference e analisam a quantidade de rebotes disponíveis para um jogador enquanto ele está em quadra.

Capela vem pegando 26,1% dos rebotes disponíveis, ou seja, mais de um quarto de todos rebotes perto dele. Na última temporada, ele conseguia segurar apenas 18,5% destes lances. Para chegar nesse número ele melhorou no ataque (12,5% para 14,3%), mas conforme explicado acima foi na defesa que se destacou (24,5% para 38,1%).

Na defesa, atualmente, ele é o líder da NBA. E comparando com os principais pivôs da NBA ele vence tranquilamente: Joel Embiid (34,3%), DeAndre Jordan (34,3%), Andre Drummond (33,3%) e Dwight Howard (32,5%). No total, ele também é líder empatado com Ed Davis (26,1%) e seguidos por Jordan (25,8%), Drummond (25%) e Howard (23,8%).

Logo, podemos incluir o Capela entre os melhores reboteiros da NBA atualmente apesar de em números absolutos por jogo ele ocupar apenas a 7ª posição, atrás de Jordan, Howard, Drummond, DeMarcus Cousins, Anthony Davis e Karl Anthony Towns.

Rating

Outro número que mostra o impacto de Capela no Rockets são os ratings ofensivos e defensivos. Hoje ele é o principal jogador da NBA no ataque (?). Com o suíço em quadra, Houston tem um rating ofensivo de 140 pontos a cada 100 posses de bola, o maior da liga. Os três jogadores seguintes neste quesito são: Steve Adams (136), Stephen Curry (134,6) e Otto Porter (133).

No lado defensivo, Capela também aparece na lista dos 20 melhores da temporada, ocupando a 17ª posição. Com ele em quadra, o Rockets leva 97,9 pontos a cada 100 posses.

Defesa

Quando Capela está defendendo, os seus adversários tem um aproveitamento de 44,3%, um número bem interessante se comparado com outros pivôs. Ainda mais se comparado com os números do próprio suíço em 2016/17 que era de 49%. Uma melhora de 4,7%.

Comparado com grandes pivôs, Capela não tem deixado muito a desejar. Está a frente de, por exemplo, Hassan Whiteside (50%), Karl-Anthony Towns (48,8%), Rudy Gobert (46,9%), Tyson Chandler (46,8%) e Andre Drummond (48,6%).

E tem número bastante parecidos com DeMarcus Cousins (43,8%), Steve Adams (43,3%) e Dwight Howard (43%). Dos principais jogadores, apenas Marc Gasol (36,7%) e Anthony Davis (40%) ainda estão longe de serem alcançados.

Em termos de tocos, a média de 1,4 de Capela o coloca em 19º da NBA. Mas por jogar menos que os seus rivais esse número é menor, mas quando vemos o percentual de jogadas onde o toco é feito dentre os possíveis, Clint sobe para 9º com 4,9% de tocos. Ele está a frente de Howard (4,5%), Adams (4,3%) e Nerlens Noel (4,3%), todos considerados bons defensores.

Insatisfação

Apesar dos números mostrarem o contrário, o torcedor do Rockets vem criticando o Capela principalmente após as derrotas para Memphis Grizzlies e Philadelphia 76ers. A displicência do jogador em alguns momentos e a aparente inoperância em defender Gasol e Embiid recaíram sobre o suíço.

Os rumores do Los Angeles Clippers buscando uma troca de Jordan por ele na última deadline aumentaram ainda a insatisfação. O pivô de LA será agente livre na próxima offseason e muitos acreditam que ele pode pintar em Houston (sua terra natal) para atuar junto com seu ex-companheiro Chris Paul. Outros apontam que DeMarcus Cousins pode ser um alvo possível para Daryl Morey, que eu acredito que seja muito difícil.


O fato é que o Clint Capela é o atual pivô de Houston e pode ter sua temporada de evolução mesmo que silenciosamente, ainda mais quando Paul retornar aos jogos. 

Comentários